Nunca foi tão fácil “voar”!!!…

Um dia desses tomando um vinho na varanda (um pouco depois da Expomusic), passou aquele filminho dos últimos 30 anos de stage na cabeça e a conclusão: nunca foi tão fácil transportarmos nossas idéias pro show bizz.

Que sonho seriam consoles digitais em um Free Jazz, por exemplo, quando marcávamos as mesas analógicas nas xerox dos módulos ou gravávamos as mixes em um daqueles gravadores portáteis!!!… (PS: já ví gente que perdeu as xerox e gravadores que “morderam” a fita na troca de palco… A verdadeira “TREVA”…rs).

E a concepção dos monitores então??? Transformar o ginásio do Ibirapuera em Sampa, no Blues Festival, em um ambiente pequeno, muito mais próximo da zona de conforto que os “velhinhos” (e sábios mestres) do Blues estavam acostumados???… Me lembro muito bem que resolvemos isso colocando uma mix extra na frente do praticável da bateria para cobrir o buraco que todo o “bom” ginásio nos reserva…

No Free Jazz tb… Já escrevi sobre a banda do Marlon Jordan (http://www.backstage.com.br/paulofarat/?p=29), na qual ao abrir o microfone do baixo acústico no side para que acabássemos com a desconfortável volta do PA pro palco, foi necessário timbrar as altas desse mic, pois como estavam bem perto uns dos outros, o vazamento dos pratos nesse microfone era altíssimo, o mesmo acontecendo no piano acústico completamente aberto e com dois AKG 414. Se uma bola dessas for levantada em qualquer curso de áudio vão providenciar uma internação imediata pra equipe!!!…

O “Universo In-Ears” acabou com isso… Ficou sem graça??? Ficou nada… Uma boa mix de ears equivale a uma grande sessão de estúdio pra mim. Com a quantidade de recursos que levamos pro stage hoje em dia (mesas, in-ears, mics, projetos espetaculares de monitores, etc…), se a essência da música for boa, é lógico, fica muito mais fácil darmos nosso toque pessoal e cores fortes ao evento!!!… Sons e mixes inimagináveis na era só dos monitores!!!… Diferente sim, sem graça nunca!!! E querem saber mesmo???… As mixes híbridas de monitores e ears que fazemos na Tour Elektra do RPM (http://www.backstage.com.br/paulofarat/?p=56) hoje na estrada são uma grande diversão também, partindo do ponto que elas sejam muito bem planejadas!!!…

Boooooooora brindar a essência, ao discernimento e a boa música então, e fazer o básico bem feito… O resto??? Bom, o resto vai dar trabalho apenas na escolha de efeitos, qual mic usar, afinações de bateria, timbres dessa ou daquela corda, instrumentos, etc, porque plugin de talento ainda não foi inventado (e nunca será, se o CARA lá de cima desejar…rs)!!!

Como se diz na aviação, “planeje seu voo e voe seu plano”!!!…

Até o próximo… Abraço!!!

Os “velhinhos” da CDteca!!!…

Colocando a CDteca em ordem, semana passada, resolvi sair um pouco do tema “live”, foco do meu blog, e falar sobre alguns “filhotes” especiais aqui das minhas prateleiras… Particularmente tenho muito carinho por esses trabalhos… Sonoridades especiais e muita musicalidade em todos eles… No próximo post, voltamos a falar de som ao vivo e suas ramificações!!!… Peço licença então, muito longe de querer bancar o crítico musical aqui, ok???…

Baby Animals:

Esse aqui, junto ao “Pump” do Aerosmith, é um Cdzinho que eu adoraria ter gravado como engenheiro: O Baby Animals, da Imago Recording Company, gravado em 1991 (se precisar de uma referência pode citar a música “Rush You”). É uma banda da Austrália que faz um som bem nervosinho: Suze DeMarchi (vocal), Dave Leslie (Guitar & Vocal), Eddie Parisi (Guitar & Vocal) e Frank Celenza (Drums). Eu particularmente adoro o som de bateria deste disco, que tem uma concepção de arranjos muito legal… Quanto a Suze, deixa pra lá vai…rsssss.

Keys To Ascension II (Yes):

Gravado ao vivo em 1996, em três noites no Fremont Theatre, em San Luis Obispo, Califórnia, com Jon Anderson, Chris Squire, Steve Howe, Rick Wakeman e Alan White (a melhor formação do Yes na minha opinião) este registro é indispensável nas cdtecas dos fãs da banda!!! Nesta edição limitada, rola também um material inédito de estúdio, completando o álbum duplo “Keys to Ascension”. Este material ao vivo complementa a primeira edição destes concertos, que foi lançada em meados de 1996. Ao vivo rolam “I’ve Seen All Good People”, “Going For The One”, “Time And A Word”, “Close To The Edge”, “Turn Of The Century” e “And You And I”. Produzidas por Bill Sherwood, as cinco músicas inéditas de estúdio são “Mind Drive”, “Foot Prints”, “Bring To The Power”, “Children Of Light” e “Sign Language”. Mais uma vez, a capa é de Roger Dean e o lançamento é da ST2 Records.

Bill Evans Quintet:

Gostaria de recomendar a todos um CD muito interessante: Interplay (Bill Evans Quintet). Ganhei esta versão especial (extended resolution compact disc) de um amigo e produtor do Japão. Gravado por Tommy Nola nos dias 16 & 17 de Julho de 1962 no Nola Penthouse Studios, New Yor City, o disco vem com um material muito bom do Bill Evans Quintet (com Freddie Hubbard – trumpet, Jim Hall – guitar, Percy Heat – bass & Philly Joe Jones – drums). Produzido por Orrin Keepnews, é um CD obrigatório nas Cdtecas de quem aprecia o gênero!!!

Deep Purple, King Biscuit:

Tudo bem, eu concordo que nada se compara ao insuperável “Made in Japan”, mas que o CD Deep Purple In Concert – King Biscuit é obrigatório nas CDtecas dos velhos purplemaníacos (e eu me incluo nessa…rs) é uma realidade. Gravado no ano de 1976, nodia 26 de Janeiro em Springfield/Mass e 27 de Fevereiro em Long Beach/CA, o cd vem com a fase Tomy Bolin (guitars) da banda. Completam essa formação Dave Coverdale (vocals), Glenn Hughes (bass & vocals), Jon Lord (keyboards) e um dos meus ídolos Ian Paice (drums). Na verdade eu sou apaixonado por essa última fase do Purple e desde o dia que levei pra casa o meu vinil de “Come Taste The Band”, aprendi a respeitar e admirar muito o trabalho de guitarra de Mr. Bolin no Purple (tarefa nada fácil pós Blackmore)! No set list desfilam Burn, Lady Luck, Gettin’ Tighter, Love Child, Smoke On The Water/Georgia On My Mind, Lazy/The Grind (feat. Organ & Drums Solos), This Time Around, Tomy Bolin (Solo Guitar), Stormbringer, Highway Star/Not Fade Away e quatro bonus tracks: I’m Going Down, Highway Star, Smoke On The Water & Georgia On My Mind. Pelo label do encarte o disco foi gravado em 16 canais por Ray Thompson numa Ampex 407, em 15 ips e da seguinte forma: canal 01 – Kick, 02 – Snare, 03 & 04 – Drums, 05 – Bass, 06 – Guitar, 07 – Leslie Hi, 08 – Leslie Hi, 09 – Leslie Lo, 10 – Rhodes, 11 – Glenn Hughes Vocal, 12 – Dave Coverdade Vocal, 13 – Reverb, 14 – Delay , 15 & 16 – Audience. A mixagem e masterização ficaram nas mãos de Gary Lions no Dolphin Studios. Mais pra frente eu falo sobre um outro CD do Purple muito interessante, e básico tb; “Singles A’s & B’s”, onde rola até uma versão de Speed King com piano acústico na base!!!…

Festa garantida!!!

Esses três eu recomendo (e muito) porque são a garantia de qualquer festa!!! O primeiro é “Monster On A Leash” do Tower Of Power, produzido por Emílio Castillo, gravado e mixado pelo “papa” All Schmitt no Schnee Studio (basic tracks, horns & mix) e no Hollywood Sound (gravações adicionais). Uma delícia de CD, com o baixo de Rocco Prestia e os arranjos de Greg Adams na sua melhor forma, entre outras coisas…

O outro é uma verdadeira “paulada”: “All ´N All” do Earth, Wind & Fire. A série Master Sound Limited Edition, remasterizada com o critério de se conservar absolutamente toda a dinâmica e sonoridade da produção original (1977) é espetacular!!! Gravado e mixado por George Massemburg, essa produção de Maurice White é um banho de bom gosto em faixas como Fantasy, Magic Mind, Runnin´, Serpentine Fire, entre outras…

O terceiro é dessa banda da pesada, o Kool & The Gang. Uma coletânea dos melhores hits de 1979 até 1987 (Celebration, Get Down On It, Fresh, Ladies Night, Tonight, Let’s Go Dancing, Steppin´ Out, Joanna, In The Heart, No Show, Misled, entre outras…) um show de bom gosto!!!… Som na caixa que vale a pena…

Comprinha básica (“Os Velhinhos”):

Aqui segue a relação dos últimos dez “velhinhos” que comprei, tranqüilamente honrando, e muito o título desse parágrafo. Se alguém discordar por favor mande “comment” !!!

The Who – Meaty Beaty and Bouncy (I Can’t Explain, The Kids All Right, Pictures of Lily…), Sweet – Desolation Boulevard (Ballroom Blitz, ACDC, Fox on The Run…), The Best of Grand Funk Railroad (Shinin’ On, The Loco-Motion, We’re an American Band…), Bachman-Turner Overdrive Greatest (You Ain’t Seen Nothing Yet, Takin’ Care of Business, Let it Ride…), The Collection Ten Years After (I’m Go Home, 50.000 Miles Beneath My Brain, Baby Won’t You Let me Rock’n’Roll You…), Nazareth Classics (Hair of The Dog, Razamanaz, Holiday…), Fleetwood Mac (Rumours (You Make Love a Fun, The Chain, Don’t Stop…), The Beach Boys 20 Good Vibrations (Surfin’ Safari, Do You Wanna a Dance, I Get Around…), Jimi Hendrix Experience Radio One (Purple Haze, Day Tripper, Foxy Lady…) & The Very Best of Janis Joplin (all…) ! Alguém aí discorda?…rs

O CD Rock Classics:

Alguém aí tem os discos de vinil “Isto É Hollywood” volumes 01 e 02???… Um dia desses passeando por uma mega store de cds, um me chamou a atenção pelas cores azul, branca e vermelha da capa e fotos de esportes radicais… Não deu outra: todas as versões originais das músicas utilizadas nos comerciais de tv: Separate Ways (Journey), Play The Game Tonight (Kansas), Breakin All The Rules (Peter Frampton), More Than a Feeling (Boston), The Final Countdown (Europe), Don´t Stop Believin´ (Journey), Tour Love (The Outfields), Hold On (Santana), Middle Of The Road (Pretenders), Rosana (Toto), Tom Sawyer (Rush) e a minha predileta de todas elas (mais Floripa impossível) Keep The Fire Burnin´(REO Spreedwagon). Vale muito a pena!!! O meu ta quase gastando de tanto rolar aqui em casa…

Verdadeiramente bons tempos!!!

Até o próximo!!!

O gratificante “Brazilian Duos”

Um trabalho muito especial, gratificante, com um significado técnico e artístico extremamente refinado!!!… É o que posso falar da gravação do CD Brazilian Duos da Luciana Souza (o primeiro). A Luciana teve realmente muito bom gosto na escolha do repertório (Luiz Gonzaga, Tom e Vinicius, Edu Lobo, Jacó do Bandolim, Dorival Caymmi, Toninho Horta, Walter Santos e Tereza Souza, Djavan, entre outros).

Com apenas voz e violão nos duos, o disco teve duas etapas de gravação, uma no Brasil (Nossoestúdio) e quatro faixas nos USA, em New York (Studio 900). No Brasil gravaram Walter Santos e Marco Pereira, nos USA as faixas com Romero Lubambo. Um trabalho marcado especialmente pelo carinho e competência com que a Lu e essas feras do violão trataram o repertório escolhido.

Para a gravação utilizamos dois mics Neumann TLM 103 nos violões (na velha, boa e eficiente técnica X/Y de microfonação) e um Neumann U87 para a voz. Fizemos as tomadas direto no DAT com a conversão do pré D19 da Studer, pois a Lu decidiu gravar desta maneira, sem overdubs, para que o CD fosse um retrato fiel do clima e da emoção que rolaram no estúdio.

Os pres de microfone e compressores utilizados foram os internos da Solid State Logic SL 4000, inclusive o de saída L/R. A ambientação da Lexicon 480, um Small Wood Room nos violões e um Small Random Hall na voz da Luciana completaram o setup da gravação, em uma das salas (especificamente a “A” do Nossoestúdio) mais espetaculares que eu conheci e trabalhei em toda a minha vida…

O CD foi masterizado na Classic Master pelo Carlos Freitas e lançado pelo selo Sunnyside, USA. Obrigado Lu, pela oportunidade e pelo prazer de ter trabalhado contigo nesse projeto!!!.. Pra terminar o registro, o CD ainda foi indicado ao Grammy/2003 na categoria melhor disco vocal de jazz…

Eternizado!!!

Abraço e até o próximo!!!